Espanha é o país com maior área de cultivo de vinhas no mundo e também o terceiro maior mercado produtor de vinhos. Desde 1990 que o país passou por algumas transformações importantes na área da vitivinicultura, acima de tudo, modernizou-se e adaptou-se mais ao mercado.
A Espanha
A história de Espanha em relação ao vinho é bastante antiga. Começou na época em que os romanos dominavam a Península Ibérica, mas, muito antes disso, havia já videiras na região. Há até registos de que foram ali cultivadas desde 4000 ou 3000 a.C.
Desde 1990, a indústria vitivinícola espanhola tem passado por profundas transformações, maiores do que as que foram ocorrendo nos séculos anteriores. Fez-se um considerável processo de modernização, que não se limitou apenas ao campo, também incluiu toda a regulamentação do setor e hoje o país é berço de alguns dos mais prestigiosos vinhos do mundo.
Hoje em dia, Espanha conta com a maior área de vinhedos do mundo e é o terceiro maior produtor de vinhos, ocupando a maior parte da Península Ibérica. Uma grande parcela do seu território está num planalto central, situado a altitudes que variam entre 600 e 1000 metros acima do nível do mar e rodeado de cadeias montanhosas. Tanto os tipos de solos como os climas variam muito de uma região para outra.
Imagem: Living Tours
Terroir de Espanha
Espanha está dividida em três zonas: Noroeste, Nordeste, e Centro e Sul.
O Noroeste é composto pelas zonas costeiras frias da Galícia e de Castilla y Leon. Aqui o clima é frio e húmido e o solo é granítico.
O Nordeste abrange La Rioja, Aragón, Navarra e Catalunha. Nesta zona do país, o solo é arenoso sobre argila e o clima é mediterrânico, com áreas quentes devido à costa marítima e chuvas moderadas.
O Centro e Sul inclui Madrid e Estremadura, Castilla La Mancha, Valencia e Murcia, Andalusia, e as Ilhas Canárias. Nesta região de Espanha, o solo é composto por areia ou argila sobre pedra calcária e muito cal no Oeste. Já o clima, é seco e quente no verão e os invernos são muito frios.
Regiões Vinícolas de Espanha
Espanha é o país com a maior área de vinhedos do mundo, sendo distribuídos por todo o seu território, por isso não é de espantar que haja muitas áreas produtoras. O mapa vinícola de Espanha divide-se em variadas macro-regiões: Valencia, Navarra, Aragón, Catalunha, País Basco, Galícia, Castilla y León (que possui uma das DO mais importantes Ribera del Duero), La Rioja, Castilla La Mancha, Andalusia, Estremadura, Murcia, Madrid, Ilhas Canárias e Ilhas Baleares.
Valencia: existem três denominações de origem diferentes e cada uma produz diferentes tipos de vinho. O clima é quente e contribui para o amadurecimento das uvas, sendo comum a vindima ser feita mais cedo do que noutras regiões. O vinho Mistela ou Licor Moscatel é bastante apreciado e ainda hoje é produzido segundo métodos tradicionais.
Navarra: por muitos anos viveu à sombra da sua vizinha Rioja, produzindo rosés de qualidade. Divide-se em cinco sub-regiões: Valdizarbe, Tierra Estella, Ribera Alta, Baja Montaña e Ribera Baja.
Aragón: existem quatro DO nas duas províncias desta área: Campo de Borja, Calatayud e Cariñena na província de Zaragoza e Somontano ao Norte, na província de Huesca.
Cataluña: tem onze zonas DO, mais do que qualquer outra região espanhola. A maior e mais importante, com 27.500 hectares, é a Penedés, na província de Barcelona. A segunda em importância é Priorat, uma das menores, com 1.800 hectares, localizada na província de Terragona. Esta região tem ainda algo único: a Cataluña DO, oficializada em 1999, que permite combinar vinhos DO de várias regiões catalãs, sem a perda do status DO.
País Basco: a individualidade da região, conhecida pela independência em relação ao resto do país, acaba por se manifestar também no vinho produzido no local. O chamado Txakolí tem características únicas, muito distintas do que se conhece como vinho espanhol. Normalmente é consumido como aperitivo ou acompanhando frutos do mar.
Galícia: possui cinco zonas DO: Rias Baixas, Ribeiro, Valdeorras, Ribeira Sacra e Monterrei.
Castilla y Leon: antigo coração da Espanha Castelhana, ocupa um quinto do país. Possui cinco zonas DO: Ribera Del Duero, Rueda, Toro, Cigales e Bierzo. A Ribera del Duero é provavelmente a mais importante das denominações espanholas, é protegida de qualquer influência marítima por uma cadeia de montanhas.
La Rioja: situada ao norte de Espanha, La Rioja está dividida em três zonas: Rioja Alta, Alavesa e Rioja Oriental. Com mais de 65.000 hectares, esta região tem também uma diversidade de solos e microclimas o que faz que possam ser criados vinhos com características únicas.
Castilla La Mancha: tem um enorme potencial e são aqui produzidos grandes volumes de vinhos.
Imagem: Mi Viaje
Andalusia: é aqui que se produz o famoso vinho fortificado Jerez.
Estremadura: nesta região encontra-se a DO Vinos de Madrid.
Murcia: conhecida mundialmente pelos seus excelentes vinhos, em especial os tintos DO Jumilla. Conta com três denominações de origem: Jumilla, Bullas e Yecla.
Madrid: é a única capital do mundo que tem a sua própria denominação de origem. Está dividida em três zonas: Arganda, Navalcarnero e San Martin de Valdeiglesia onde são produzidos vinhos brancos, tintos e rosés.
Ilhas Canárias: a produção varia entre vinhos de excelente qualidade, feitos em pequena quantidade a partir de castas locais por pequenos produtores, e vinhos feitos em grandes vinícolas com vista ao mercado externo.
Ilhas Baleares: constituem uma antiga região produtora, embora apenas em Mallorca existam vinhedos.
Tipos de Vinho de Espanha
O sistema de classificação do tipo de vinho espanhol está organizado em dois grupos principais, cada um com os seus próprios sub-grupos, e são administrados por cada região autónoma. Quando as regiões se sobrepõem aos limites, são administradas pelo Instituto Nacional de Denominaciones de Origen (INDO), localizado em Madrid. Os tipos de vinho espanhóis são:
- Vinos de Calidad Producidos en Regiones Determinadas (VCPRD): indicação geográfica que garante a origem e qualidade dos vinhos em toda a União Europeia.
- Vinos de Pago (DO de Pago): inclui vinhos de prestígio com características distintivas de um local ou local rural determinado, ou seja, vinhos produzidos numa determinada área quando existe um microclima e uma composição de solo particulares que o distinguem de outras partes do seu ambiente.
- Vinos con Denominación de Origen Calificada (DOC): é reservada aos vinhos que alcançaram altos níveis de qualidade num longo período de tempo.
- Vinos con Denominación de Origen (DO): vinhos de prestígio vindos duma área de produção definida e com uma produção muito estudada e regulamentada, regida por um Conselho Regulador.
- Vinos de Calidad con Indicación Geográfica: vinhos produzidos numa determinada região que pretende tornar-se numa DO.
- Vinos de Mesa (VDM): são os vinhos genéricos e leves, comuns, muitas vezes bebidos durante uma refeição. Podem não mostrar a área de produção, os tipos de uvas utilizadas ou o ano da vindima no rótulo. Em casos excepcionais, alguns vinhos podem ser classificados como vinhos de mesa se forem produzidos com tipos de uvas não tradicionais ou se o seu processo de produção não for o normal.
- Vino de la Tierra (VdlT): vinhos provenientes de uma determinada área vinícola onde são produzidos sob um conjunto de regras que não são tão restritas como os Conselhos Reguladores das DOs. Ao contrário dos vinhos de mesa, é autorizada a indicação da vindima no rótulo, bem como das castas utilizadas e zona de produção.
No que diz respeito ao envelhecimento da colheita em barrica ou garrafa, o vinho espanhol pode ser:
- Joven (também conhecido como Vino Del Año): é um vinho com pouco tempo de envelhecimento, posto no mercado no mesmo ano ou, no máximo, no ano seguinte à colheita. A sua principal característica é que é fresco e frutado.
- Crianza: a legislação exige envelhecimento de no mínimo 2 anos. Se for tinto, exige-se ao menos um ano em barrica de carvalho; se for branco, 6 meses.
- Reserva: só podem ser classificados como tal os vinhos produzidos a partir de casta de qualidade excepcional. Quanto ao envelhecimento, exige-se 3 anos para os tintos e 18 meses para os brancos, havendo necessidade de o tinto ficar 12 meses em barrica de carvalho e o branco 6 meses (como o Crianza).
- Gran Reserva: assim como o Reserva, exige uma casta excepcional. O envelhecimento do tinto deve ser de, no mínimo, 5 anos e o dos brancos de 4 anos. O tinto deve ficar 18 meses em barris de carvalho e o branco os mesmos 6 meses que o Reserva.
Castas de Espanha
Apesar de serem cultivadas mais de 600 castas de uvas em Espanha, a Tempranillo e a Albariño correspondem a cerca de 80% da produção. Embora grande parte dos vinhedos plantados no país sejam de castas brancas, a popularidade dos vinhos espanhóis está fortemente ligada às uvas tintas.
Castas Tintas
A uva mais plantada no território espanhol é o Tempranillo que, depedendo da região, pode ser identificada com outros nomes: Tinto Fino, Tinta del País, Tinta de Toro e Oull de Llebre. Os seus vinhos geralmente têm notas de morango, groselha, ameixa, chocolate e tabaco. A Garnacha é a segunda casta mais plantada no país, principalmente a Norte e no Oeste. As suas videiras são fortes e estruturadas, resistentes à seca e ao vento forte.
A Graciano é outra uva tinta de renome no território espanhol, sendo cultivada principalmente nas regiões de Rioja e Navarra. O aroma é forte, sendo muito apreciada na produção de blends com Tempranillo e Cabernet Sauvignon.
Castas Brancas
A Moscatel é uma uva doce, muito utilizada para fazer vinhos licorosos. Em Espanha, boa parte dos bons vinhos doces feitos com a Moscatel vêm da região de Andalusia.
A Xarel-lo é uma das mais indicadas na produção de espumantes Charmat, misturando com outras variedades. Tem origem na Catalunha, onde é autóctone.
A Verdejo produz muitos vinhos na Rueda, região central de Espanha. Os seus vinhos são produzidos em grande parte varietal, ou misturado com as castas Viura e Sauvignon Blanc.